A diferença de comprimento entre as pernas pode vir de uma malformação congênita, ou seja, a criança pode nascer com um membro inferior maior que o outro. Em outros casos, doenças e lesões podem desenvolver essa diferença.
Os tratamentos vão depender de fatores como, tamanho divergente entre as pernas, caso seja pouca, pode-se utilizar palmilhas para compensar a desproporção entre os membros. Em situações que o tamanho tenha grande disparidade, ou potencial para isso, a cirurgia se torna um meio eficaz.
Um dos procedimentos é retardar ou impedir o crescimento do membro maior até ambas as pernas terem o mesmo tamanho.
Entendendo o problema
Uma grande parte das pessoas tem diferença de comprimento entre as pernas, mas quando elas são leves não causam problemas. Acima de 2 cm já se torna prejudicial ao bem-estar do indivíduo.
Esta alteração no crescimento das pernas geralmente se dá no fêmur (osso da coxa) e na tíbia (canela). O crescimento dessas estruturas acontece nas chamadas placas de crescimento, essas cartilagens se localizam nas extremidades dos ossos citados.
Causas da Diferença de comprimento entre as pernas
Em alguns casos a diferença de comprimento entre as pernas é idiopática, sem causas conhecidas e a criança já nasce com uma diferença de tamanho nos membros, neste período é difícil detectar o problema, pelas estruturas serem pequenas. Mas conforme a criança se desenvolve é mais fácil de notar essa diferença e ter o diagnóstico.
Outros fatores que desencadeiam esse tamanho desparelho, podem ser:
- Infecções ou lesões que afetam as placas de crescimento, podendo causar um retardo ou bloqueio do crescimento de umas das pernas.
- Traumas no osso da perna podem levar a uma diferença de comprimento, principalmente se cicatrizar em uma posição que fique mais curta, mais comum acontecer se o osso sofre uma série de fraturas.
- Infecções ósseas.
- Doenças ósseas mais raras podem causar alteração no crescimento dos ossos: neurofibromatose, exostose múltipla hereditária e doença de Ollier.
- Artrite juvenil, inflamação das articulações durante o crescimento.
Sintomas
Já sabemos que dependendo da diferença de comprimento entre as pernas, pode ou não afetar a qualidade de vida da criança, se for significativa algumas atividades como correr e brincar podem ser dificultadas. Estudos apontam possível surgimento de dor na lombar e maior facilidade em se lesionar, podendo o paciente ficar com um quadril mais alto ou joelho dobrado.
Diagnóstico
Na grande maioria dos casos, os pais são quem percebem a diferença de tamanho entre as pernas do filho, geralmente pelo caminhar.
O ortopedista infantil vai fazer uma avaliação física, observando o caminhar, sentar e a posição que a criança fica de pé. Em alguns casos as crianças menores vão compensar o problema dobrando o joelho ou andando na ponta dos pés.
Para medir a disparidade, o especialista utiliza blocos de madeira, colocados sobre a perna mais curta até que note o alinhamento do quadril, também pode pedir uma radiografia com os blocos de madeira para ver se não há problemas ocasionados pelo encurtamento em outras estruturas.
O raio-x pode ser uma opção para medir a diferença ou um escanograma, uma forma de raio-x que utiliza três imagens: quadril, joelho e tornozelo.
Tratamentos
O médico especialista vai se basear em algumas características do paciente para estudar a melhor alternativa de tratamento: idade, diferença de comprimento entre as pernas, a causa do problema e outras situações neurológicas caso a criança tenha.
Tratamento não cirúrgico
Caso a diferença seja inferior a 2 cm, significando uma alteração mais leve, é bem provável que o especialista não vai cogitar tratamento cirúrgico, ao invés disso terão outras opções:
Uso de elevador de calçado, pode ser colocado tanto na parte interna (palmilhas) como externa do calçado.
Caso a criança seja pequena e ainda tenha um tempo de crescimento, o médico pode periodicamente acompanhar como está se desenvolvendo o caso, para constatar se a diferença de crescimento está controlada ou aumentando.
Tratamento Cirúrgico
Existem algumas técnicas que podem ser utilizadas para esta alteração do crescimento.
- Epifisiodese: é um procedimento que retarda ou interrompe o crescimento da perna que está maior, através de uma raspagem ou instalação de parafusos transfisários ou placas de titânio com parafusos nas placas de crescimento (que se localizam nas extremidades dos ossos do fêmur e tíbia) assim, a perna menor cresce até atingir o tamanho da outra e as estruturas podem ser retiradas. A criança precisa estar em fase de desenvolvimento esquelético para se beneficiar deste método. A vantagem da cirurgia é que ela não requer procedimentos de corte do osso e imobilizações prolongadas.
- Encurtamento de membro inferior: em casos que o paciente já passou da fase de crescimento, pode ser encurtado o osso mais longo. O ortopedista precisa remover uma parte do osso e no lugar colocar placas e parafusos de metal ou uma haste, para manter o osso no lugar enquanto cicatriza. Esse procedimento não pode ser usado para diferença de comprimento muito grande, podendo enfraquecer a musculatura da perna.
- Alongamento ósseo de membros inferiores: por se tratar de um procedimento mais complexo e de tempo prolongado é indicado somente para pacientes que tenham uma maior diferença de comprimento entre as pernas. Existem duas formas de realizar este procedimento com fixadores externos ou internos. Basicamente é feita a separação do osso e fixada essas estruturas, assim o espaço criado entre às duas partes, estimula o crescimento do osso. O progresso é lento e de ambas formas o tratamento leva meses para ser concluído.
Em caso de qualquer dúvida ou suspeita que seu filho pode ter uma diferença de comprimento entre as pernas, é sempre indicado buscar um diagnóstico e orientação de um ortopedista infantil. Marque a sua consulta ou deixe sua dúvida nos comentários.